sábado, 30 de julho de 2011

Gerson Borges comemora 20 anos de estrada no palco do Sarau da Comuna


O cantor e compositor Gerson Borges possuí, em doses generosas, uma destas raras combinações de talento, sensibilidade e carisma. Se isto não bastasse, é visível, nas canções que assina, seu compromisso com o ministério que abraçou. Dono de uma personalidade irrequieta e criativa, Gerson começou a tocar violão aos 9 anos, influenciando pelo pai, músico e poeta amador. Aos 13 já participava de festivais estudantis e aos 21 lançava De Manhã, seu primeiro LP.
Nestes 20 anos de carreira, completados em 2011, Gerson Borges coleciona uma série de trabalhos memoráveis, entre eles Povo de Deus, Povo Missionário (1998), produzido pela Igreja Batista da Borda do Campo e abrilhantado pelas presenças preciosas de amigos talentosos como Guilherme Kerr e Jorge Camargo. Em 2004 lançou Tua Presença Vai Me Transformar, junto com a Comunidade de Jesus de São Bernardo. O CD, repleto de sutilezas poéticas e foco na espiritualidade, teve o mérito de incorporar ao cancioneiro cristão, canções como A Glória de Deus é Compartilhar, A Minha Delícia e Salvador Maravilhoso, cantadas em diversas igrejas e comunidades.
Em seguida veio o festejado e impecável musical A Volta do Filho Pródigo (2006), que contou com participações de nomes importantes da música cristã contemporânea, como João Alexandre, Jorge Camargo, Josué Rodrigues e Tiago Vianna, entre outros, e a primorosa produção musical de João Alexandre. Baseado na obra de Henri Nouwen e Rembrandt, o musical passou por diversas cidades brasileiras e foi apresentado em igrejas nos EUA e na Universidade de Toronto, no Canadá. O último CD gravado com músicas inéditas, Nordestinamente (2009), traz canções que mesclam a melancolia do retirante, encontradas nas músicas de Luiz Gonzaga, com a alegria e as cores quentes do sertão nordestino e é uma homenagem à imensa riqueza da música e cultura deste nordeste brasileiro.
Para os fãs ávidos por novidades, uma ótima notícia: Gerson Borges acaba de finalizar seu mais novo trabalho, AoViVo@SomdoCéu, que vem marcar essas duas décadas dedicadas à Beleza e a Verdade, a uma música que procura casar poesia com teologia, estética com espiritualidade. AoViVo@SomdoCéu é uma celebração do início ao fim, canção por canção, convidado por convidado. E por falar neles, GB fez questão de ter alguns bons amigos por perto nesta noite especial. Passaram pelo palco do Som do Céu os amigos-parceiros Elly Aguiar, Tiago Vianna, Alann Marino e Denis Campos, além de Telo Borges (vencedor do Grammy, Clube da Esquina) e Carol Gualberto, com quem dividiu Ave do Norte, tendo ao piano a sofisticação harmônica de Fernando Merlino, pianista e arranjador carioca (Chico Buarque, Jane Duboc, Leni Andrade, Joyce, entre outros nomes da MPB). O público presente acompanhou o lirismo, a força e, ao mesmo tempo, as sutilezas de interpretação do canto e do violão de Gerson Borges, apoiado pela competente banda formada por Marcio Teixeira (bateria, percussão e direção musical), Cássio Coutinho (piano e teclados), Ozeas Miranda (baixo) e Daniel Brito (sax).
Gravado ao vivo no Acampamento da MPC, no lendário Som do Céu , o CD promete agradar fãs de ontem e de hoje e traz, além de canções que marcaram estes 20 anos de caminhada, três músicas inéditas: Alhambra, parceria com o poeta catarinense Gladir Cabral, a meditação bossa-nova de Canção Para o Tempo que Passa, marcada pelo belo solo de trompete de José Arimatéa e o duo com Telo Borges, na pungente Luz do Teu Olhar. Os muitos amigos que construiu em sua trajetória e os amantes da boa música brasileira e cristã ficam na torcida para que os próximos 20 anos da história musical de Gerson Borges sejam tão profícuos e relevantes quanto os que ficaram para traz.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Jú Bragança fecha Sarau lançando "Consumado"


A história desta paulistana com a música começou muito cedo. Aos sete anos Juliana Bragança já tocava na igreja Presbiteriana onde cresceu. Aos treze formou sua primeira banda e aos vinte já havia se transformado em Jú Bragança e trilhava os primeiros passos rumo ao profissionalismo.
Quem já ouviu Jú Bragança cantando canções de sua autoria e dedilhando seu violão comemora o fato dela ter desistido do piano ainda criança e ter se dedicado de corpo e alma ao instrumento. Jú toca intuitivamente, escuta, cria, arranja e compõe, em parceria com seu marido Jorge, canções que nascem de corações agradecidos pelas experiências diárias com o Pai.
Em 1999 conheceu a Igreja Batista de Água Branca e lá encontrou a oportunidade perfeita pra desenvolver seu trabalho e ministério. Participou dos três primeiros discos gravados pelo ministério de música da igreja, fez parceria com Luciano Manga (Vineyard / Rio de Janeiro) em seu Cd “Sol do Meio Dia” e venceu o 1º Festival de Música da JUBOESC. Agora Jú Bragança está prestes a realizar mais um sonho: correr o Brasil para divulgar seu recém lançado primeiro álbum.
“Consumado” mostrará um mix de folk, pop e rock contemporâneo, perfeito para agradar em cheio corações nostálgicos e revelará uma cantora madura de voz firme e vigorosa que, ladeada por uma banda jovem e competente, desfilará canções influenciadas por artistas que admira, entre eles: Vineyard, Bob Fitts, Paul Baloche, Jorge Camargo, Gerson Borges, Marisa Monte, Andy Mackee.
A ficha técnica do CD dá mostras de que esta jovem revelação tem conquistado prestígio e respeito neste meio musical repleto de gente talentosa. A cantora divide a produção musical, os arranjos e os violões com o competente Maurício Caruso que também tocou guitarra. O arranjador e ex-VPC Claudio Rocha se encarregou do baixo e Nae, comandou bateria e percussões. Na música “Tudo o que tenho”, participação pra lá de especial do cantor e compositor Gerson Borges. Atualmente a cantora desenvolve seu ministério junto à Igreja Batista no Parque Panamericano, Jaraguá.

Dia 31 (domingo) 10h
Casa da Comunidade
Rua Benedito Luis Rodrigues, 690, Jardim Palermo. Fone: 4121-2737
Lançamento do CD “Consumado” de Jú Bragança

Festa a ceu aberto marca o primeiro do Sarau



"Cheguei agora com saudade pra rever
à minha gente eu quero e vou dizer
meu Deus me deu minha canção, a minha voz
e muito mais a quantos queiram receber"

Com estas palavras, cantadas ao som do som doce do acordeom de Abianto, Roberto Diamanso rompe o silêncio, dando sua boa vinda aos tímidos vizinhos da Passagem Santa Cruz na Vila São Pedro em SBC. Logo em seguida Diamanso desafio e lança o convite:

“... eu quero convidar você
nós vamos celebrar
e quem quiser dançar,
chega pra cá muito prazer".

Inicia-se assim o Sarau da Comuna 2011, festa de quatro dias, que reúne o que há de melhor na música popular brasileira cristã. E jeito melhor de se começar uma festa, que na rua de uma favela (a maior de São Bernardo), não há.
Enquanto se torna cada vez mais comum músicos 'gospel' se aproximarem da música secular e seus costumes, cachês altos, camarim, som que precisa estar perfeito firulas desnecessárias, Diamanso vai na contramão e ao receber o convite para estar no Sarau, faz apenas uma exigência, "não quero tocar na igreja, quero tocar na rua, na favela".
E assim foi feito. Tudo sofisticadamente improvisado, como não podia deixar de ser, armou-se o som na rua inclinada. Bota um calço aqui, puxa tomada da casa da frente, iluminação está fraca, mas quem se importa?!
E vem o segundo baião, a banda quebrando tudo, Abianto fazendo seu acordeom chorar, Diamanso mostrando o que um artista verdadeiro faz e os vizinhos ainda tímidos se arriscam a sair para as calçadas. Ao final da canção, Diamanso chama o povo, "minha gente, trouxemos açaí e sorvete de cupuaçu para mais de duzentos, chega pra cá, vamos comer". Tinha também cachorro-quente.

E cantando partilhamos o pão, mas como "nem só de pão vive o homem" servimos o açaí e o cupuaçu.
Ah que festa, vocês tinham que ver.
E imitando Jesus em sua radicalidade, levamos água em forma de poesia e comida em forma de música para pessoas com sede e fome não só de pão e água. Levamos Jesus à aquelas pessoas queridas.
Ah, que festa!

Texto de Evandro Mello

Semearte prova que rir ainda é o melhor remédio



“Alento em meio a dor, esperança em meio a desilusão, riso em meio ao choro, alegria em meio tristeza”. É baseado neste lema que a Cia de Teatro Semearte procura levar alegria, paz, conforto, atenção, carinho e principalmente amor, às crianças e adultos em teatros, escolas, creches, albergues, hospitais ou onde mais as portas se abrirem. A linguagem escolhida pelo grupo não podia ser mais apropriada: a dos clowns (palhaços)
O Semearte é fruto do grupo de jovens da Igreja Batista Central de São Bernardo do Campo, todos os vinte integrantes da trupe atual pertencem à igreja pastoreada pelo psicólogo Ronaldo Perini, que apoia o grupo em todas as instâncias. O engraçadíssimo Nenex dirige as produções, além de escrever e atuar na maioria dos esquetes e peças apresentadas. É dele a criação do personagem Dr. Nenex Hanschiclets, médico-clown que anima as salas de enfermarias dos hospitais acompanhado pela Drª Clara (Taís Laes), Dr. Saratudo (Samir Oliveira) e Gazita (Érica Santos), entre outros personagens. O grupo já rodou por diversas cidades de São Paulo e estados vizinhos apresentando esquetes hilários além de peças teatrais, entre elas Missão Quase Impossível, Filho Pródigo e A História de Jonas.
A Cia Semearte atua com ênfase no âmbito da ação social, mas acredita que toda ação voltada aos mais carentes não deveria ser algo louvável, passível de elogios. As atitudes neste sentido deveriam ser cotidianas e inerentes à nossa condição de seres humanos ou, no caso do grupo, de pessoas resgatadas por Deus. Nossos filhos deveriam ser ensinados na escola, como uma matéria comum. Seria algo comum aprender a praticar o bem sem importar a quem.
É baseado nestes princípios que a Cia de Teatro Semearte (Plantão da Bagunça) atua em locais como o Hospitais das Clinicas, Dix Amico S/A e Vila Mariana, orfanatos, escolas publicas, ONGs e teatros. O grupo também já realizou diversos trabalhos sociais em comunidades carentes e se envolveu em diversos projetos pelo Brasil afora, além de trabalhar na formação de grupos com mesma ação em Gravataí (Santa Catarina) Camaçari Bahia (Grupo Semearte), Minas Gerais, Santa Rita do Sapucaí (SOS Alegria), entre outros.
Em meio ao caos e ao egocentrismo exacerbado que impera em nossa sociedade, este grupo de jovens escolheu amar. O grupo acredita no amor não apenas como sentimento, mas como atitude. Nos nossos dias a maioria das pessoas deixa de fazer algo de bom ao próximo porque fica esperando algum tipo de sentimento que os impulsionem, que os mova. Mas sentimento, na grande maioria das vezes, é passageiro. Sentimento, seja ele qual for, passa. Sempre há um limite para ele. Amor é atitude e não sentimento. Foi por este motivo que a Cia de Teatro Semearte escolheu amar.

Sarau terá workshops e exposições...



Um dos diferenciais do Sarau da Comuna, em relação a eventos similares, é que nenhuma edição do sarau foi igual ao outra. A cada ano o evento trouxe novidades seja na concepção de novos formatos ou em relação ao local de sua realização. Na edição 2011 o Sarau outra vez inova, a abertura, por exemplo, será realizada ao ar livre, em uma rua de uma comunidade carente da cidade de São Bernardo.
Outra novidade será a realização de uma série de workshops com duração de uma hora. Ao todo serão sete palestras com temas interessantes e variados. Uma das oficinas, Vivências Fotográficas, sairá da “sala de aula” e ganhará uma exposição, no hall de entradas, com os fotógrafos: Gi Mendonça, Diego Venâncio, Nuno Jr., Daniel Brito, Evandro Mello e Cinha Luz. O local receberá, também, obras da artista plástica Uiara Mello. As oficinas são gratuitas e as inscrições poderão ser feitas durante o evento e enquanto houver vagas disponíveis. Confira abaixo a relação das oficinas que estarão à disposição dos participantes.

Oficinas
Dia 30 (sábado) 18h às 19h
PIB Central de São Bernardo
Rua Nicolau Filizola, 161, Centro. Fone: 4332-2568

Culturas tão diferentes...
Nesta oficina será ministrada por uma família de missionários e oferecerá aos participantes conhecimentos sobre os hábitos e costumes do povo norte africano e da cultura árabe. Durante a oficina serão apresentadas fotos e objetos inusitados. Público alvo: Interessados em culturas diferentes e apaixonados por missões. Vagas: 20

Composição criativa
Gerson Borges
Desenvolvendo a arte de escrever canções bíblicas, poéticas e contextualizadas. Essa oficina propõe um olhar novo sobre a arte de escrever letra, música ou os dois, com ou sem a ajuda de parceiros, a partir de exemplos de canções conhecida e consagradas. No final, uma criação coletiva será conduzida/produzida. Público alvo: Pessoas que toquem algum instrumento, cantem, ou gostem de escrever. Vagas: 15

Cocktail Hour - Harmonizando aromas, sabores e beleza
Moizés Barros
Uma abordagem ritualística sobre a arte dos coquetéis. Harmonizando aromas, sabores e beleza, o encontro pretende explorar os sentidos na arte do preparo e da degustação. Público alvo: interessados em geral. Vagas: 20

Palavras ao gosto
Kelly Guimarães
Workshop de "degustação literária" que pretende aproximar, de forma lúdica, os sentidos do tato, paladar e visão, das impressões fornecidas pelo texto lido, estimulando os participantes a transformarem em palavra poética essas impressões. Público alvo: amantes da literatura e escritores. Vagas: 15

Vivências fotográficas
Roda de conversa com os fotógrafos Gi Mendonça, Nuno Jr. e Diego Venâncio que irão conduzir um bate papo descontraído sobre as experiências que tiveram fotografando, as situações inusitadas e cenas que chocaram. O objetivo é estimular a prática fotográfica cotidiana e a sensibilização do olhar como sentido perceptivo, independente do nível e potencial do equipamento fotográfico. Ressaltando que neste encontro a ênfase será sobre as vivências dos profissionais e não sobre as técnicas. Público alvo: estão convidados a participar desta "roda de conversa" pessoas que sejam apaixonadas pela arte da fotografia. Vagas: 15

Sonorização
Vinicius Bertolino
Uma breve exploração sobre as técnicas de sonorização. Público alvo: pessoas que trabalhem com som em suas comunidades e curiosos sobre o assunto. Vagas: 15

Música e louvor infantil
O objetivo desta oficina é oferecer aos participantes ferramentas para a atuação em ações musicais na igreja, considerando a importância da música na vida da criança, com seus pares e com Deus. A ministrante, Viviane Valladão, é bacharel em Composição e Regência pelo Instituto de Artes da UNESP. Pianista, compositora, arranjadora e produtora artística, especializou-se no repertório para crianças, participando de várias gravações de CDs Infantis dentre eles, “O Segredo de Mãe Docelina”, musical baseado no livro do escritor e cartunista Ziraldo, em parceria com Mário Valladão, “Histórias Bíblicas Cantadas” (Igreja Batista de Água Branca, 2005),Cantata “Eu sou” de Arlindo Lima,entre outros. Atualmente é professora de Prática Coral do Departamento Infanto-Juvenil da EMESP Tom Jobim (Escola de Música do Estado de São Paulo), e regente do Coral Infanto-Juvenil da Igreja Manaim, no bairro da Mooca. Público Alvo: Professores, educadores e músicos. Vagas: 20

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Kol Brasilis: música vocal para ouvidos exigentes...


“Músico que ganha a vida trabalhando com sistemas, casado, dois filhos, amante dos livros, sonhador e especialista em projetos inconclusos”. O texto bem humorado que define o inquieto e irreverente Obadias de Deus em um dos sites mais populares da rede social que tomou a net de assalto, contrasta, de certa forma, com a seriedade com que este multi-instrumentista e músico amador desde os oito anos encara uma de suas maiores paixões: a música.
Obadias sempre atuou como músico na igreja, a maior parte do tempo com grupos corais e vocais. Durante muito tempo regeu um coral de vozes mistas e um coral jovem. Em 2004 resolveu encarar um desafio à altura do seu talento de arranjador: reuniu amigos de infância (egressos dos dois corais), tirou da gaveta arranjos vocais de composições próprias e criou o Kol Brasilis. A idéia deu certo de tal forma que o grupo resolveu registrar isso em um CD que está sendo gravado, muito lentamente, nesses últimos anos e, se tudo correr bem, será finalizado em um futuro próximo. (Eis um de seus projetos inconclusos...)
“Musica em mim” terá 15 músicas, boa parte delas compostas por Obadias e as outras por nomes de peso da música cristã contemporânea, entre eles Silvestre Kuhlmann, João Alexandre, Carlos Sider e Guilherme Kerr. Obadias é responsável, também, pelos arranjos vocais e o músico e produtor João Alexandre pelo suporte instrumental presente nas canções que não serão cantadas à capella.
Pra quem ainda não conhece o grupo, vale lembrar: não vá ouví-los na expectativa de encontrar um trabalho baseado no convencional, em arranjos à moda dos sertanejos que trabalham apenas em terças e quintas. As doze vozes que compõe o Kol Brasilis encantam porque conseguem explorar os recursos vocais na medida exata baseados na afinação, homogeneidade tímbrica, em harmonias sofisticadas e comandadas pela direção competente de Obadias de Deus.
Kol Brasilis mistura em sua essência o fato de ter nascido acima de tudo para professar a fé cristã (Kol em hebraico significa voz), mas sem deixar de lado o desejo de fazer música comprometida com sua terra e sua gente, daí o brasilis (Brasil em nossa língua mater). O grupo vocal Kol Brasilis é prova viva e concreta que o sonhador Obadias de Deus também é especialista em fazer música da melhor qualidade.

Grupo Bate Boca abre tarde de música vocal no Saral 2011


Quem mora nos grandes centros urbanos certamente em algum momento já presenciou o que na linguagem popular, coloquial costuma-se chamar de bate boca. O estresse, a agitação e a loucura da chamada “vida moderna” faz com que as pessoas, cada vez com mais frequência, percam as estribeiras no trânsito, nas repartições públicas, nas arquibancadas. No caos urbano, o barulho das britadeiras e buzinas contrastam com o tom monótono, monocórdico e igualmente irritantes das vozes das operadoras de call center. Mesmo os monges tibetanos teriam sérias dificuldades em manter a calma ao estar atendendo uma ligação de uma destas moças que geralmente escolhem a hora mais imprópria para estar oferecendo seus produtos. Aí não tem jeito, a tendência é que os ânimos se exaltem, a conversa descambe para a discussão acalorada, exaltada e termine em bate boca.
Mas não se animem, ó arautos do pessimismo crônico, apesar do horizonte sombrio, nem tudo está perdido. Desde 2005 há outro tipo de bate boca na cidade, que ao invés de acirrar os ânimos, acalma; que em vez de promover a discórdia, traz conforto à alma e nos aproxima de Deus; que é um verdadeiro antídoto a tudo o que você leu no primeiro parágrafo. Ouvir o Sexteto Bate Boca, grupo vocal feminino que aos poucos vai conquistando merecido lugar ao sol, é como velejar no iate daquele seu amigo rico, na calmaria do mar aberto e a brisa leve acariciando o rosto. A sensação é de se estar sentado confortavelmente numa poltrona de nuvens, com os pés balançando no vazio.
Quando Viviane Valladão, Andréia Oliveira, Isis Matos, Ira Oliveira, Andréia Souza e Fabiana Pereira sobem ao palco e começam a desfilar canções de Tom Jobim, Milton Nascimento, Lô Borges, Márcio Borges, Fátima Guedes, Mário Valladão, Guilherme Kerr, Jorge Redher, entre outros, o termo que dá nome ao grupo vira um mero jogo de palavras e perde, por um instante, o sentido ante o talento, harmonia e afinação das moças, conduzidas pela mão segura da arranjadora e diretora musical Viviane Valladão. Se você, influenciado pelo escriba, sentiu desejo de conhecer o grupo de perto, vale o lembrete: há uma possibilidade da apresentação das moças do sexteto acabar em bate boca. Vai que alguém, ao final do show, decida fazer um plebiscito para saber em qual das músicas as meninas se saíram melhor...